O trabalho de Marcelo Silveira tem origem no domínio da arte, nas referências históricas da arte e no subjetivo (pessoal ou familiar). No caso, domínios estes não tão contraditórios quanto sugerem suas definições, manifestando-se ou convergindo em maior ou menor grau em todos os seus trabalhos; em alguns casos, complementam-se explicitamente e, em outros, um é mais implícito. Silveira invariavelmente faz referências a um passado, que é, ao mesmo tempo, seu e de todos nós. Não se trata tanto do artista rever os traumas que lhe apresentou a vida, mas de um processo de questionamento incansável e vivaz.
A publicação a ser realizada pela APC pretende revelar essa complexa relação entre passados: o pessoal e aquele da história da arte, investigando os dispositivos criativos empregados pelo artista e o ambiente artístico e pessoal que ele habita. Com ensaios inéditos produzidos por Michael Asbury, crítico de arte anglo-brasileiro radicado em Londres, o livro será organizado como uma trajetória de vida: produto de uma conversa entre dois amigos que se conhecem há mais de uma década e cujas realidades estão separadas por um oceano. Neste sentido, cada um – o artista e o crítico – aborda o trabalho com base em distintas experiências: de um lado, a vivência do lugar e dos espaços habitados, de outro, uma visão particular da história da arte brasileira.
Tal encontro estrutura o livro como um todo, sendo composto por um ensaio introdutório sobre Marcelo Silveira e quatro seções centradas em sua produção artística – além de uma cronologia completa. Enquanto a introdução pretende apresentar um panorama sobre o desenvolvimento do artista, desde suas origens à sua inserção no circuito de arte nacional e internacional, ilustrada com fotos de álbuns de família e obras importantes tanto de seu período inicial de produção quanto de sua fase madura, as seções consistem numa proposta de abordagem a partir do que Michael denominou “moradas”: Engenho Amora Grande, Casa do Cruzeiro, Apollo 94 e Livro-me. Tais seções relacionam a produção do artista ao espaço por ele habitado e a materialidade de seus trabalhos: a madeira cajatinga e o livro de artista são eixos estruturantes do livro, assim como a cidade-natal Gravatá e os ateliês de Marcelo. Essas seções objetivam mostrar o diálogo entre a trajetória pessoal do artista e seus diversos trabalhos, procurando analisá-los de modo coerente em relação ao conjunto da obra.
Projeto em fase de captação.
Patrocínio: incentivo direto mediante apresentação de recibo de doação, a ser emitido pela APC para o incentivador.