A publicação “Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura” é o catálogo da exposição homônima. Com curadoria de Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, a mostra é a maior já realizada sobre Abraham Palatnik, importante nome da arte cinética e da arte moderna contemporânea brasileira e internacional, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro entre os dias 1º de fevereiro e 24 de abril de 2017. Nas 204 páginas do catálogo bilíngue são apresentadas as obras do artista que compõem a mostra, que já realizou itinerância pelo Centro Cultural Banco do Brasil – Brasília (2013), Museu de Arte Moderna de São Paulo (2014), Museu Oscar Niemeyer – Curitiba (2014) e o Instituto Iberê Camargo (2014).
O catálogo destaca a coerência do trabalho de Palatnik e sua trajetória de produção, organizada de maneira cronológica. São contemplados no catálogo seus estudos iniciais de desenho e pintura na escola municipal de arte de Tel Aviv, passando pelos objetos cinéticos e aparelhos cinecromáticos idealizados e realizados pelo artista desde a década de 1950 até as peças de mobiliário e pinturas mais recentes. Além disso, a publicação compila fortuna crítica de textos de Felipe Scovino, Michael Asbury e Rubem Braga e entrevista feita por Felipe Scovino com o artista em 2012.
O artista Abraham Palatnik nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1928, o artista passou a infância em Tel-Aviv (então Palestina) para onde se mudou em 1932. Nessa cidade, o filho de imigrantes russos judeus realizou seus estudos primários e secundários e, especializou-se em motores de explosão ao mesmo tempo que se dedicou ao ateliê livre de arte do Instituto Municipal de Arte. Quando retornou ao Brasil, em 1947, ele passa a residir no Rio de Janeiro, onde tem contato com Mario Pedrosa e com o Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, coordenado pela Dra. Nise da Silveira. Este contato mudou a sua forma de encarar sua produção artística: ele passa a ter uma relação mais livre e experimental com a forma e a cor, buscando, segundo palavras do próprio artista, dar ordem ao movimento em suas composições.
Assim, utilizando-se como base de seus estudos em engenharia e psicologia da forma, Palatnik começa seus experimentos que deram origem aos Aparelhos Cinecromáticos – caixas com lâmpadas e telas coloridas que se movimentam acionadas por motores, e aos Objetos Cinéticos – aparelhos constituídos por hastes ou fios metálicos que possuem nas extremidades discos de madeira pintados de várias cores. O artista participou da 1a Bienal de São Paulo, em 1951, ganhando menção honrosa porque o trabalho não se enquadrava nas categorias da Bienal. Palatnik continua sua experimentação também na produção de mobiliário e de design industrial: em 1954, começa a trabalhar com seu irmão na fábrica Arte Viva. A partir da década de 1960, Palatnik se dedica aos chamados Relevos Progressivos e as Progressões- experimentações feitas em papelão e madeira, em o sequenciamento das laminas formam pinturas com dinâmicas próprias e movimento. Nas décadas posteriores, o artista continua sua experimentação, que busca, por meios de diversos suportes, dar conta da dimensão da ordem do/no movimento.